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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

fugaCIDADEs

Embalado nas brisas estivais

e nas modorras de um Julho esquisito

luto contra a sonolência de uma tarde quente

amenizada pela brisa fresca do nordeste.

O planalto estende-se assolapado

à torreira do mormaço pós meio-dia

e as árvores gritam ensimesmadas

pela gota de água perdida.

Esparramados pelas sombras das raras plantas

os gados enganam-se na miragem

de uma frescura aparente saída da terra

avidamente sequiosa do licor cristalino.

Só o bicho homem na sua racionalidade

ilude pelo sumo ou pela cerveja

o calor tórrido de um Verão obsidiante.  

 

J. M.

 

[Começo hoje a publicação dos poemetos que em Fevereiro passado estiveram em exposição no Café Concerto e a que dei o título: "fugaCIDADEs". Faço-o a pedido de algumas pessoas que não puderam passar por lá na altura. Deixem passar a ironia de hoje ser Julho, mas estar a chover lá fora e ir assim contra o que diz o texto! Além disso o vento hoje é de Sudoeste!]