fugaCIDADEs
Embalado nas brisas estivais
e nas modorras de um Julho esquisito
luto contra a sonolência de uma tarde quente
amenizada pela brisa fresca do nordeste.
O planalto estende-se assolapado
à torreira do mormaço pós meio-dia
e as árvores gritam ensimesmadas
pela gota de água perdida.
Esparramados pelas sombras das raras plantas
os gados enganam-se na miragem
de uma frescura aparente saída da terra
avidamente sequiosa do licor cristalino.
Só o bicho homem na sua racionalidade
ilude pelo sumo ou pela cerveja
o calor tórrido de um Verão obsidiante.
J. M.
[Começo hoje a publicação dos poemetos que em Fevereiro passado estiveram em exposição no Café Concerto e a que dei o título: "fugaCIDADEs". Faço-o a pedido de algumas pessoas que não puderam passar por lá na altura. Deixem passar a ironia de hoje ser Julho, mas estar a chover lá fora e ir assim contra o que diz o texto! Além disso o vento hoje é de Sudoeste!]