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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Bem, hoje que estou só e posso ver - Fernando Pessoa

 

 
 
Bem, hoje que estou só e posso ver 
      Com o poder de ver do coração 
Quanto não sou, quanto não posso ser, 
      Quanto se o for, serei em vão,
 
Hoje, vou confessar, quero sentir-me 
      Definitivamente ser ninguém, 
E de mim mesmo, altivo, demitir-me 
      Por não ter procedido bem.
 
Falhei a tudo, mas sem galhardias, 
     Nada fui, nada ousei e nada fiz, 
Nem colhi nas urtigas dos meus dias 
     A flor de parecer feliz.
 
Mas fica sempre, porque o pobre é rico 
     Em qualquer cousa, se procurar bem,  
A grande indiferença com que fico. 
     Escrevo-o para o lembrar bem.
 
 

 

Poesias Inéditas