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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

STABAT MATER / Pietá

Stabat Mater
STABAT MATER
Tu, mãe de Deus, Nesta hora e sempre Mãe d'Ele e nossa mãe, Pare-o com dor humana E renovada E consagrada, A Ele, que nós buscamos Com outros e afinal equivalentes credos, A quem chamamos nos desolados medos, Talvez com outro nome Porque é diversa a língua E não a fome Que lhe temos.
 
 
PIETÁ
 
Já lívido repousa em seu regaço. Já não escuta, não vê, não ri, não fala. Aquele que foi Seu filho, Ela o embala Morto, alheia a tempo e espaço. O mistério parou no limiar dos assombros. Dos irados profetas, das rígidas escrituras Sobra um Deus morto; e os únicos escombros São a atónita aflição das criaturas. Eles choram, vários, como vários são Sua revolta e sua dor. Absorto, O olhar da Mãe escorre, inútil, no chão. Ela, o que chora? O Deus parado - ou o filho morto?
 
Reinaldo Ferreira