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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Soneto tremente

 

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Sou o dos desesperos enfadados.

Há na minh’ alma hortências a fluir.

Se eu pudesse deixar os meus cuidados

Ia-me repousar, ia dormir!

 

Pressentem-se na luz uns flébeis fados

Como coisa que em breve vai cair…

Eu sinto a dor dos ser’s inanimados.

Eu sinto tudo o que quiser sentir!

 

Esta sede sem fim de analisar

Acaba sempre em pré-neurastenia.

- Não mais me comover! Não mais pensar!

 

Fechar os olhos, sem força, parar…

- Que bom viver um sono de água fria,

Com a alma meia morta, a desfocar...

 

Cristovam Pavia