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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

SOLIDÃO

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(1931 - 2007)

A maior parte das vezes não abre a janela: 
senta-se no velho poial, como um resto de musgo, 
e deixa que os olhos passem no vidro, 
visitando-se mais uma vez. As coisas,


gradualmente, configuram-na, desde aquela hora, 
e quem a procura, sentindo-a no fundo das águas, 
não lhe pergunta pelo marido. 
O relicário de pau-santo fere-lhe

a solidão de semente abolida, 
já o arco de si própria. 
Pudesse ao menos saber para onde irão varrer


o que ficar da sua sombra, quando vender a quinta. 
Para junto dos limoeiros, sonha. 
enquanto a alma escorrega, docemente.

 

António Cabral