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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

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Mas que sei eu das folhas no outono 
ao vento vorazmente arremessadas 
quando eu passo pelas madrugadas 
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono 
e acabam coisas mal principiadas 
no ínvio precipício das geadas 
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito súbdito lamenta 
a dor de assim passar que me atormenta 
e me ergue no ar como outra folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs? 
As coisas vêm vão e são tão vãs 
como este olhar que ignoro que me olha.

Ruy Belo