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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Balanxo ali ao lado no Café Mondego.

2012! RIP!
Não deixa saudades. Não deixa grandes esperanças. Não ventura nada de bom. Nada.
Exagero, claro! Mesmo o mais negativo deixa sempre lições que se podem tirar. Mas neste caso tanto a nível pessoal como social, profissional, nacional é predominantemente negativo.
Da Guarda que nos resta? Perdemos, melhor, continuámos a perder. Veio algo de novo e de positivo? Não me lembro. Exagero novamente. Há sempre as pessoas que mesmo em baixo e em crise conseguem superar dificuldades. E aqui há que louvar as manifestações de solidariedade social realizadas para ajudar / apoiar pessoas e instituições. Não destaco nenhuma para não falhar, mas é isso que continua a motivar e a ter confiança no ser humano. Ao menos os valores vão ficando apesar da sua destruição sistemática “há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não!”
Que nos anima? Que a cultura continue a pôr a nossa cidade no mapa nacional, que os nossos jovens continuem a destacar-se nas iniciativas de renovação de uma cidade que parece ter parado no tempo crítico. Que as pessoas continuem a defender os valores e a solidarizar-se umas com as outras, mostrando que “mesmo na noite mais triste” há sempre uma chama de uma vela a iluminar um caminho dificílimo. Nem que essa vela seja a poesia ou a literatura! Perdemos o MAP, mas ganhámos livros de poesia.
Esperança, confiança e acção sejam as forças de 2013! (Essas não no-las podem roubar! pelo menos as duas primeiras.)

NATAL DOS HOMENS

 

 

 

Todos os anos, Jesus

Feito criança, menino,

Transforma a terra em flor.

E em poucos dias, no mundo,

Os homens vivem unidos,

Falando apenas de amor.

 

Mas, quando o Natal acaba

E os dias são como os outros

Nas cidades e na serra,

Durante o resto do ano

Os homens, já desavindos,

Apenas falam da guerra.

 

E assim decorrem os anos

Nesta atroz contradição:

 – Os homens, podendo amar-se,

Morrem de armas na mão!..

 

 

João Patrício


[Aproveito para desejar a todos os frequentadores deste recanto pessoal umas óptimas Festas de Natal e um 2013 cheio de poesia e saúde. Que nunca falte a vontade de mudar o mundo!]

GENTE DE VALOR

 

    As palavras não chegam, diria antes negam-se a admitir a realidade, e cruéis chegaram de manhã com a notícia sempre triste: morreu o Igor. Espanto, estupefação, incredulidade! Como pode isso ser verdade? A vida é assim tão injusta? Por que razão os bons são os primeiros a morrer? 
   O Igor foi meu aluno na Afonso de Albuquerque e aí travámos uma daquelas amizades que nunca se deseja perder. Era o protótipo da PESSOA: falava com toda a calma do mundo, nunca se alterava, tinha uma educação tão respeitadora que nos levava a interrogar-nos se ainda era possível haver gente assim neste mundo conturbado. Estava sempre disponível para ajudar, estava sempre pronto a colaborar, estava sempre pronto a ... sorrir. 
   A vida levou-o para outros lados, mas mantivemos sempre o contacto e quando vinha pela Guarda havia quase sempre duas palavras de café para trocar na amizade perene de seres que se entendem e partilham ânsias e sonhos. E como ele falava dos seus sonhos! Como brilhavam, nessa altura, aqueles olhos irrequietos reflexo de um coração sempre pronto a saber mais e a aprender! Como era contagiante aquela sua alegria facilmente transmissível aos que o rodeavam! 
   Estaria Deus assim tão necessitado de mais um anjo, para no-lo roubar? É que este também era da Guarda e também nos guardava!
   Que descanse em paz!