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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

BICENTENÁRIO - ALEXANDRE HERCULANO

Faz hoje 200 anos que nasceu este grande romântico português, como já tinha lembrado há dias. Nas suas andanças pelo país fez uma breve paragem pelas nossas terras. As impressões aí ficam:

 

[1853] 

Agosto 22 - Saímos às seis horas para a Guarda a três léguas. (...) Ao lado da Faia a estrada volta à esquerda e começa a subir a montanha: passa-se pela Ramalhosa a pouca altura: pomares e olivedos bem tratados: começa a encosta a tornar-se calva: a estrada arruinada em partes, calçada com grandes pedras parece bem lançada: entrada na Guarda. 

[1853] 

Agosto 23 a 26 - Guarda povoação insignificante como cidade: muralhas meio demolidas: apenas duas torres na cerca e uma que parece ser a de menagem e no sítio onde devia ser a Alcáçova: a fortificação parece dos fins do XIV ou princípios do XV séc. A Sé: estado do arquivo da Sé. O edifício da época joanina: semelhança das linhas arquitectónicas interiores com as da Batalha: necessidade de demolir as obras exteriores modernas e estúpidas para reduzir este monumento, a mais bela igreja da Beira, ao desenho primitivo. Os guardas do tabaco: parecem uma quadrilha de ladrões: violências deles contra o povo e do povo contra eles. O clima da Guarda: o dia 24 de Agosto semelhante a um dia sereno de Fevereiro. Espectáculo no dia 25 de uma trovoada medonha correndo ao longo do Cimacoa. Ventania e frio na tarde de 26. Aridez e pedregoso por todos os lados da cidade: ao baixo vales férteis. 

[1853]

Agosto 27 - Saída da Guarda: seguimos o dorso da serra: à direita num vale a aldeia de Maçainhas que parece populosa: caminhos ásperos e agrestes.

[in Cenas de um ano da minha vida, Apontamento de Viagem, Círculo de Leitores, 1987, págs. 138-139.]

(Retirado, com a devida vénia, de “Guarda Livros - textos e contextos”, selecção e organização de António José Dias de Almeida, edição da Câmara Municipal da Guarda, 2004.)

 

 

[É um autor esquecido pelo poder e isso mesmo lembra a imprensa dos últimos dias de que destaco:

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1528479 ou http://jn.sapo.pt/Domingo/Interior.aspx?content_id=1530191]

 

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